Definição
Os aços-inoxidáveis são aqueles que
contém um mínimo de 10,5% de Cromo como principal
elemento de liga. São aços onde não ocorre
oxidação em ambientes normais. Alguns aços
inoxidáveis possuem mais de 30% de Cromo ou menos de
50% de Ferro. Suas características de resistência
são obtidas graças à formação
de um óxido protetor que impede o contato do metal
base com a atmosfera agressiva. Alguns outros elementos como
níquel, molibdênio, cobre, titânio, alumínio,
silício, nióbio, nitrogênio e selênio
podem ser adicionados para a obtenção de características
mecânicas particulares.
Classificação
Os aços inoxidáveis são divididos em
cinco famílias, de acordo com a microestrutura, estrutura
cristalina das fases presentes ou tratamento térmico
utilizado. As cinco famílias são: martensíticos,
ferríticos, austeníticos, duplex (austenítico
e ferrítico) e endurecíveis por precipitação.
Martensíticos: os aços inoxidáveis
martensíticos são ligas Fe-Cr-C que possuem
uma estrutura cristalina martensítica na condição
endurecida. São ferromagnéticos, endurecíveis
por tratamento térmico e resistentes à corrosão,
somente em meios de média agressividade. O conteúdo
de cromo é, geralmente, situado entre 10,5 e 18% e
o conteúdo de carbono não pode ser superior
a 1,2%. Os conteúdos de carbono e cromo são
balanceados para garantir uma estrutura martensítica.
Alguns elementos como nióbio, silício, tungstênio
e vanádio são, às vezes, adicionados
para modificar o comportamento do aço durante o revenimento.
Pequenas quantidades de níquel podem ser adicionadas
para melhorar a resistência à corrosão.
Da mesma maneira, enxofre e selênio podem ser adicionados
para melhorar usinabilidade.
Ferrítico: são ligas de Fe-Cr,
de estrutura cristalina cúbica de corpo centrado (CCC).
Seu conteúdo de cromo se situa na faixa de 11 a 30%.
Alguns graus podem conter molibdênio, silício,
alumínio, titânio e nióbio para a obtenção
de certas características. Também podem ser adicionados
enxofre e selênio para melhoria da usinabilidade. São
ferromagnéticos, podem possuir boas ductilidade e conformabilidade
mas suas características de resistência em altas
temperaturas são ruins se comparadas à dos austeníticos.
Sua tenacidade também pode ser limitada a baixas temperaturas
e em seções pesadas. Não são endurecíveis
por tratamento térmico e dificilmente por trabalho a
frio.
Austeníticos: constituem a maior
família de aços inoxidáveis, tanto em
número de diferentes tipos quanto em utilização.
A exemplo dos ferríticos, não são endurecíveis
por tratamento térmico. São não-magnéticos
na condição recozida e são endurecíveis
apenas por trabalho a frio. Normalmente, possuem excelentes
propriedades criogênicas e excelentes resistências
mecânica e à corrosão em altas temperaturas.
O conteúdo de cromo varia entre 16 e 26%, o de níquel
é menor ou igual a 35% e o de manganês é
menor ou igual a 15%. Podem ser adicionados, também,
molibdênio, cobre, silício, alumínio,
titânio e nióbio, para a obtenção
de melhores características de resistência à
oxidação.
Duplex: são ligas bifásicas
baseadas no sistema Fe-Cr-Ni. Estes aços possuem, aproximadamente,
a mesma proporção das fases ferrita e austenita
e são caracterizados pelo seu baixo teor de carbono
(<0,03%) e por adições de molibdênio,
nitrogênio, tungstênio e cobre. Os teores típicos
de cromo e níquel variam entre 20 e 30% e 5 e 8%, respectivamente.
A vantagem dos aços duplex sobre os austeníticos
da série 300 e sobre os ferríticos, são
a resistência mecânica (aproximadamente o dobro),
maiores tenacidade e ductilidade (em relação
aos ferríticos) e uma maior resistência a corrosão
por cloretos.
Endurecíveis por precipitação: são
ligas cromo-níquel que podem ser endurecidas por tratamento
de envelhecimento. Podem ser austeníticos, semi-austeníticos
ou martensíticos, sendo que a classificação
é feita de acordo com a sua microestrutura na condição
recozida. Para viabiliazr a reação de envelhecimento,
muitas vezes se utiliza o trabalho a frio, e a adição
de elementos de liga como alumínio, titânio,
nióbio e cobre.
Sistema de classificação
Os aços inoxidáveis são normalmente
designados pelos sistemas de numeração da AISI
(American Iron and Steel Institute), UNS (Unified Numbering
System) ou por designação própria do
proprietário da liga. Entre estes, o sistema da AISI
é o mais utilizado. Nele, a maioria dos graus de aços
inoxidáveis possui uma classificação
com três dígitos. Os aços austeníticos
fazem parte das séries 200 e 300, enquanto que a série
400 designa tanto aços ferríticos quanto martensíticos.
A série UNS, por sua vez, possui um maior número
de ligas que a AISI, pois incorpora todos os aços inoxidáveis
de desenvolvimento mais recente. Nesta série, os aços
inoxidáveis são representados pela letra S,
seguida de cinco números. Os três primeiros representando
a numeração AISI (se tiverem). Os dois últimos
algarismos serão 00 se o aço for um aço
comum da designação AISI. Se forem diferentes,
significa que o aço tem alguma característica
especial reconhecida pela UNS.
Aplicações
Martensíticos: estes aços
são especificados quando a aplicação
requer elevadas resistência à tração,
à fluência e à fadiga, combinadas com
requisitos moderados de resistência à corrosão
e utilizações em até 650 °C. Entre
as suas aplicações estão turbinas a vapor,
motores a jato e turbinas a gás. Alguns destes aços
encontram aplicações, também, como tubulações
de vapor, reaquecedores de geradores a vapor e tubulações
superaquecidas utilizadas em refinarias de combustíveis
fósseis, cutelaria, peças de válvulas,
engrenagens, eixos, cilindros laminadores, instrumentos cirúrgicos
e odontológicos, molas, cames e esferas de rolamentos.
Aço inoxidável usado em
esferas de rolamentos
Ferríticos: suas várias classes
encontram aplicações em sistemas de exaustão
de automóveis, como recipientes de alimentos, em trocadores
de calor e em tubulações contendo soluções
com cloretos e água do mar.
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